domingo, 14 de abril de 2019

Que dor, amor...

Quando é que vou voltar a sentir tanto? É curioso, engraçado, trágico, mas como é que algo tão bom pode doer tanto? E te deixar incapaz de sentir por um tempo?

Amor, se é você, por que fazes assim?
Me sinto aflita, suplico por paz, mas será mesmo que a quero? Ou em verdade, aprecio esta combustão, este eterno desassossego?

Me impressiono tanto com a capacidade de reciclagem da vida. Não sei como suportei tanta coisa e estou aqui, viva. Cicatrizando aquilo que achei que morreria sem:
o seu amor.


segunda-feira, 8 de abril de 2019

Imersão

Profundidade. Tem seu preço. Custa tempo. Dedicação. Inundação. Em um plantio muitas vezes desconhecido. Mas é preciso que se infiltre, que seja regada cada parte seca deste jardim.
Intocado, pede por atenção. Água, mais água. Tem sede e muito calor; está quente. A superfície é morna, entretanto, quanto mais fundo você adentra, percebe que vai ficando mais fresco, assim como na mata fechada. Não mata, nem sufoca, ao se esconder da luz do sol. O meio termo é tão necessário para o mundo... As meias-estações são um respirar tranquilo das intensivas estações. Um descanso para o fôlego, temperatura mais amena.
Amêndoas florescem, amendoim é feito. Olhos amendoados, olhos amedrontados: lá vem o frígido inverno. Janelas embaçadas, gelo acentuado. Café quente, chá borbulhante, beijo morno. Lábios arrepiantes. Na superfície ficam bem gelados, mas conforme se adentram, vão sentindo o toque mais quente, quanto mais fundo se aconchegam.
Línguas entrelaçadas, sufoco interrompido; suspirar pontilhado, desejos semi-consumados. Quando a entrega é mútua, não há preço a ser pago por tanta profundidade: "pode entrar, fique à vontade".