quinta-feira, 20 de março de 2014

A inspiração...

Vem para trazer união. A minha. Em estar sozinha perante todo o mundo e não dar à mínima. Aliás, dou o máximo pois preciso disso. Esta solidão... Que sempre vem tão bem acompanhada. Nunca vem cobrar, apenas presentear com calmaria o agito dos meus dias. Ah, e este apito alarmante é um dos piores venenos para a alma, já que nos entorpece e logo não sentimos mais a simplicidade de um sorriso infantil. Tampouco um aceno de bom dia daquele antigo vizinho que quando criança acenavas com tamanha vivacidade... 
Onde foi que se perdeu? Que fragmento da vida acabou roubando-te de si? Recorda-se do momento do rompimento? 
Chame as memórias para perto... sente-se junto delas e de quem mais puder ouvir. Relembre o que já foi importante e que hoje não passa de uma lembrança passiva... 
Pense no porquê não importa mais, veja se coincide com o que deseja e tem como certo para si. Feche os olhos... Este é um encontro sensorial e intuitivo. Cada detalhe será apurado; esteja ligado e de olhos bem cerrados... Abra-os apenas para dentro: Lá está você, dançando! Brincando com alguém de extrema valia. Não se lembra ao certo de quem se trata fisicamente, mas sente exatamente o que sentiu naquele milésimo de momento tão antigo, que deveria estar morto mas agora é tão vivo! 
E depois de desenterrado, percebes que nada deveria ter saído... Poderia até ficar escondido, no fundo do porão... Porém não poderia ser extinguido. 
Depois de despertado e mantendo-se cultivado, jamais será de novo enterrado. 
Este é o seu olhar adentrando-se ao passado, encaminhando o encontro de seu destino, tão destemido, indefinido... E é bem daquela empoeirada lembrança que se esculpe a mais intrigante descoberta: a de um mundo inexistente que insiste em prevalecer, onde quer que estejas...


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