domingo, 15 de março de 2015

Imune Combustão

É tão ruim não poder te ouvir. Não ouvir o som que ecoa da sua voz. É ruim mastigar suas palavras sem poder digeri-las. Tampouco dirigi-las, e tudo ficar assim, sem controle nem direção... O que são as palavras perto do que sentimos? Elas parecem estar escritas numa lápide, quando todos passam os olhos nas letras, mas são tão insignificantes que não calam a dor no peito de quem ficou na superfície. Não calam, nem falam; sentem. Não sei o quê... Sentem. De mãos atadas, trêmulas, tudo parece tão complexo. É preciso ligar os pontos, mas o cérebro não mais funciona, quanto mais para fazer ponto e cruz! Até o olhar mais doce desce da forma mais amargurada. Um bom dia é miséria. Boa tarde, pra quê mesmo serve?! Boa mesmo era a noite em que havia sonhos. Os meus e os seus, compartilhados sob o mesmo lençol; este que teimava sempre em se desgrudar do colchão só para ouvir mais de perto as nossas confissões...
Confesso que nada mais importa e nem importa mais. Confesso que estarei em sua porta. Prostrada, posso nem bater. Mas lá estarei...
Aqui onde estou não é seguro. Podem ouvir meus passos... Preciso ser breve para te refugiar comigo; assim não seremos vistos... A diferença estará em tê-lo em meus braços, qualquer desconforto ou suspeita poderá ser negada ou aceita, nessas condições. Esse aperto que me afronta me diz, grita, que nunca vou deixá-lo. Por mais longo que seja o tempo ou o espaço...
Tortura-me! Não me é venoso. Aplicas o golpe que quiser em mim, porque já me tornei imune a essa dor, em nome deste, ah, o seu amor!

















Nenhum comentário:

Postar um comentário