domingo, 15 de março de 2015

Que Sede de Amor

Este que parece ter me consumido. E mesmo sentindo-o tanto, de forma tão intrigante, é como se nunca tivesse existido. Não assim. Tão assado, fervilhante...
Sem queimar, levanta vapor. Não sua. Suaviza. Traz água, mesmo sem sede alguma. Água na boca... Pingada, jorrada, por fim, em litros. É o que me desafoga.
Alimenta minha alma, protege-me das poluições sem lixiviar a matéria orgânica...

Clareia o que vira turvo, desenterra o que gera fungo... Derrete o que causa ressentimento.
Há entardeceres que me fazem sentir como uma folha nova, de primavera. Como se eu tivesse um protetor solar natural, que sempre quando o sol quer me ver de perto, olhar meus olhos, é você quem chega antes, num ato invasivo... Você. Meu anoitecer mais esperado, a cada dia, sem fila, afia seu peito no meu e diz com afinco que é aqui que deveríamos estar. Apunhala meu coração quando me faz lembrar de nossas saudades, de um tempo tão recente, mas que tem passado tão depressa! Como se fôssemos crianças receptivas a cada momento, futuro e passado, tornando o presente todo entregue a nós... A noite, me pego pensando onde mais poderíamos estar... Num lugar mágico, num tempo que não deve ser atual... Mas me é tão familiar; sei que um dia iremos para lá... E sei exatamente o que sentirei...
Hoje, mesmo sem mar, é no córrego deste colchão que me arrasto para os seus braços, em direção ao oceano, este que nos é tão comum, e tem como fim a vista para a montanha mais alta de qualquer vale que valha ser visto, com ou sem visto, ilegal ou clandestino, crime seria não lhe avistar... O passaporte se torna apenas passatempo com suas mãos nas minhas. Bagagens? Bobagem! Necessaire?!
Ah, só você, mesmo...




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