Sem queimar, levanta vapor. Não sua. Suaviza. Traz água, mesmo sem sede alguma. Água na boca... Pingada, jorrada, por fim, em litros. É o que me desafoga.
Alimenta minha alma, protege-me das poluições sem lixiviar a matéria orgânica...
Clareia o que vira turvo, desenterra o que gera fungo... Derrete o que causa ressentimento.
Há entardeceres que me fazem sentir como uma folha nova, de primavera. Como se eu tivesse um protetor solar natural, que sempre quando o sol quer me ver de perto, olhar meus olhos, é você quem chega antes, num ato invasivo... Você. Meu anoitecer mais esperado, a cada dia, sem fila, afia seu peito no meu e diz com afinco que é aqui que deveríamos estar. Apunhala meu coração quando me faz lembrar de nossas saudades, de um tempo tão recente, mas que tem passado tão depressa! Como se fôssemos crianças receptivas a cada momento, futuro e passado, tornando o presente todo entregue a nós... A noite, me pego pensando onde mais poderíamos estar... Num lugar mágico, num tempo que não deve ser atual... Mas me é tão familiar; sei que um dia iremos para lá... E sei exatamente o que sentirei...
Hoje, mesmo sem mar, é no córrego deste colchão que me arrasto para os seus braços, em direção ao oceano, este que nos é tão comum, e tem como fim a vista para a montanha mais alta de qualquer vale que valha ser visto, com ou sem visto, ilegal ou clandestino, crime seria não lhe avistar... O passaporte se torna apenas passatempo com suas mãos nas minhas. Bagagens? Bobagem! Necessaire?!
Ah, só você, mesmo...

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